ATA DA TRIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 24.09.1987.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete, reuniu-se na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Segunda Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Plauto de Almeida Cruz, concedido através do Projeto de Resolução nº 17/85 (proc. nº 1523/85). Às dezesseis horas e quarenta e cinco minutos, constatada a existência de "quorum" , o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Plauto de Almeida Cruz, homenageado; Sra. Eva Cruz, esposa do Homenageado; Sra. Juliana Cruz, filha do homenageado e Ver. Frederico Barbosa, 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Brochado da Rocha, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PDS, PT, PSB, PL e PC do B, destacou a grandeza da arte do Sr. Plauto de Almeida Cruz, dizendo ser o presente título uma obrigação da Casa em face S.Sa. sempre ter, com sua música, trazido beleza e emoção a nossa Cidade. A Ver.ª Bernadete Vidal, em nome da Bancada do PFL, falou da sua alegria por participar da presente homenagem, comentando o significado do Sr. Plauto de Almeida Cruz e de seu música para os porto-alegrenses e destacando refletir ela o que vai no fundo da alma do nosso povo. O Ver. Kenny Braga, em nome da Bancada do PDT, discorreu sobre a arte do Sr. Plauto de Almeida Cruz, dizendo representar ela o espírito do amor e do encantamento para as pessoas amantes da música e da poesia. E o Ver. Flávio Coulon, em nome da bancada do PMDB, homenageou o Sr. Plauto de Almeida Cruz, dizendo que ele, com sua música, igual ao Flautista de Hamellim, encanta todos os amigos e aos que têm a oportunidade de ouvi-lo. A seguir o Sr. Presidente convidou a todos os presentes a, de pé, assistirem à entrega, pelo Ver. Brochado da Rocha, do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Plauto de Almeida Cruz. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao homenageado, que agradeceu o título recebido e executou um número musical, juntamente com os Senhores Jesse Silva e Doroteo Fagundes. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezessete horas e quarenta e dois minutos, convocando os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Frederico Barbosa e secretariados pelo Ver. Frederico Barbosa. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e por mim.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene. Com a palavra o Ver. Brochado da Rocha, que falará em nome das Bancadas do PDS, PT, PSB, PL e PC do B.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Plauto Cruz, homenageado, sua Senhora e sua   filha; amigos e amigas de Plauto Cruz, em verdade, coube-me nesta ocasião falar, na qualidade de autor do Projeto e das Bancadas, com assento nesta Casa, PDS, PT, PSB, PL e PC do B. Quero, inicialmente, dizer que o número de pessoas que são teus amigos e admiradores foram tantos, e tantos foram os textos escritos que recebi, que entendi que era impossível fundir todos. Ora, um homem que sai da longínqua cidade de São Jerônimo e constrói o seu nome numa cidade grande como Porto Alegre, um homem que tem um nome nacional, mas, que, em contrapartida, prima pela simplicidade, fica difícil de traduzir em palavras a admiração pela sua arte, pela sua pessoa e pela sua grandeza. Por tudo isso, eu diria que as sínteses e as sugestões feitas para homenagear Plauto neste dia, para dizer que a cidade de Porto Alegre retrata, não uma gratidão por Plauto Cruz, mas um dever de torná-lo cidadão desta Cidade. Porque, em verdade, ele é mais do que um cidadão da nossa Cidade. Ele não foi nomeado por ninguém. Ele não foi decretado por ninguém. Não foi forjado por ninguém. Ele apenas se juntou a sua flauta. E com ela varreu a cidade de Porto Alegre. Sem dizer uma palavra sequer, noites e noites, ele transmitiu à alma de Porto Alegre as coisas boas que as pessoas desta cidade sentiam. E, também, as tristezas que esta Cidade traz.

 No repertório do Plauto se assenta, desde os momentos mais alegres, mais esfuziantes até os momentos mais tristes. Porto Alegre, Plauto, não merecia tua presença aqui. És um dos poucos que fica aqui. E, talvez, outros saibam mais, mas sei o bastante para dizer que estás aqui apenas porque este é o teu dever. Porque nem a prata nem o ouro conseguiram te levar desta Cidade. Por isso, não só o teu talento artístico te concede esta cidadania, mas, também a cidadania que tu desejaste ter nesta Cidade. Deixando outros centros maiores, tendo chances maiores em outros centros. De tal sorte, não gostaria de mencionar outros nomes que te acompanharam no decorrer desta jornada, porque muitas vezes te vi só num palco. Diria que os nomes que muitas vezes eram estrelas, quase que passaram. Mas o teu nome ficou nesta Cidade. Li, ainda hoje, uma declaração que falava de uma artista nossa que tinha saído desta Cidade. Era um nome nacional, mas saiu daqui, não ficou conosco, na solidão do sul do Brasil, não querendo atingir outras terras, não querendo ir para o centro artístico do País. Ficou o patrimônio Plauto Cruz, por isto, por mais que digam e repitam que Plauto Cruz esteve com estrelas, eu diria não, esteve eventualmente com estrelas, porque a grande estrela continuou sendo para nós Plauto Cruz. As estrelas foram cometas, mas o Plauto continuou sendo a nossa estrela.

Talvez, agradecendo, nesta Casa, aqueles muitos que no decorrer de muito tempo, quer através das rádios, quer através dos teatros, quer através das casas noturnas, não podem te agradecer, quero dizer que talvez não buscastes a riqueza e por isto não a tivestes. Mas tens, certamente, a unanimidade de ser um patrimônio da Cidade de Porto Alegre. Um patrimônio artístico que a alma de Porto Alegre fala, ri e geme com a tua flauta. A dificuldade para todos nós seria entendermos o Plauto sem sua flauta. Isto seria difícil, esta quase simbiose foi-se estabelecendo em nossas mentes que ambos se tornam indissociáveis numa caminhada que, repito, não busca riqueza, mas busca grande singeleza, apenas dar alegria de um lado, dar alma por outro lado, e, fundamentalmente, dar pureza de sentimento às coisas nobres que geram os nossos corações e as nossas mentes. Neste quadro é que em 1985, mais precisamente no dia 18 de junho de 1985, é que entendia que como representante desta Cidade, deveria eu apresentar o Projeto, como poderia ter sido até o autor de um livro sobre Plauto Cruz, nosso colega Kenny Braga. Poderia ser qualquer um dos nossos colegas Vereadores, era só conhecer Porto Alegre, porque é impossível, Plauto, conhecer Porto Alegre, sem conhecer a tua arte, a tua bondade e, sobretudo, a tua simplicidade. Sei que no fundo, este ato até violenta os teus princípios, sei disso. Mas, são destas coisas, Plauto; há que se fazer algumas concessões, por isso na ocasião perguntava eu se tua aceitarias, porque era o meu respeito a tua humildade, teu segundo perfil mais importante, se tu aceitarias. Sei que o título talvez tu goste, mas sei que este momento não é o teu momento melhor, gostas da simplicidade e gosta dos sons mais bonitos do que aqueles que nós poderemos te oferecer. O formalismo não faz parte da tua vida. Sei que esse constrangimento é mais um tributo que tu pagas para a Cidade que ele goste como tua Cidade: Porto Alegre. E ela, hoje, vai conceder o título a tua pessoa. Acho que a Câmara Municipal de Porto Alegre apenas traz para o papel aquilo que vai na alma e no dia-a-dia construído árdua e duramente por Plauto Cruz, que hoje passa a ser Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado, pela Cidade de Porto Alegre, Plauto Cruz. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Com a palavra a Vereadora Bernadete Vidal, neste ato, representa a Bancada do PFL com assento nesta Casa.

 

A SRA. BERNADETE VIDAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, querido Plauto Cruz; família do nosso homenageado; senhores da assistência. Eu infelizmente tenho que retribuir, a muitos que estão aqui, escassamente, pobremente, o tanto de bom que sou acostumada a ouvir, principalmente do nosso homenageado e de muitos que estão aqui nos assistindo. Perdoem por isso, mas, Plauto, eu não poderia deixar de participar desta homenagem de maneira nenhuma, pela amizade que te devoto e, especialmente pelo apreço e, aí, não só pessoal, mas como representante de uma parcela de porto-alegrenses, que são os meus eleitores, que são os munícipes que nós representamos aqui. De vez em quando eu sou surpreendida, aqui na Casa, com algo que eu gostaria de ter feito. Pois aí está. Algo que eu gostaria de ter feito e que felizmente o fez o atuante, dinâmico Ver. Brochado da Rocha. Prestar esta homenagem é, antes de tudo interpretar o sentimento de uma grande parcela de porto-alegrense. É retribuir, Plauto, como eu dizia antes, humildemente, pobremente, aquilo que nós temos de ti.

Plauto Cruz representa para todos nós, com a sua flauta, aqueles sentimentos que vão na alma do porto-alegrense, desde os sentimentos mais alegres, o sentimento triste, o amor, a alegria, a saudade, o entusiasmo. A flauta do Plauto Cruz fala como nenhum de nós sabe falar, porque ela faz muito mais do que falar, ela sente e ela diz o que sente. Por isso Plauto, reverentemente, eu te homenageio hoje, em nome do PFL, em nome dos meus eleitores, em nome de Porto Alegre e de tantos Vereadores que gostariam de estar neste momento te prestando esta homenagem, homenagem que a tua simplicidade talvez esteja em dificuldade de aceitar, mas que eu sei que com a tua grandeza vai levar para o teu trabalho como apenas mais um louro obtido na tua vida, que foi feita, que é feita de tantas glórias, de tantas alegrias e até também de tantas amarguras, por que não? Plauto Cruz que esteve no Rio de Janeiro, Plauto Cruz que já andou pelo Brasil, que é um dos maiores flautistas nacionais. Plauto Cruz que não tem fronteira para a sua música, que é nativista, que é um músico popular urbano, que é músico popular brasileiro. Plauto Cruz que ama a música e que nos faz também amar a música, mais ainda. E mais do que isto faz-nos enlevar com a música. Receba querido amigo, receba querida família, a homenagem muito singela desta Vereadora e de seu Partido. Tu que só tens sido o símbolo deste trabalhador por excelência, da música, que é o artista rio-grandense. Às vezes tão mal recompensado e, agora numa fase um pouquinho melhor. Nós desejamos a todos os amigos que estão aqui e a ti Plauto que continue sendo recompensado por aquilo de mais puro que brota dos nossos corações. Em qualquer palco nós vamos ter aplaudir. Esta homenagem que nós te fazemos, quando batemos palmas entusiasticamente, quando interpretas a tua flauta, esta homenagem, eu penso, ainda é a melhor e a mais pura e a mais bonita homenagem. Portanto, receba mais uma vez, as palmas agradecidas desta amiga que sempre vai te escutar e sentir o teu dom. Este maravilhoso dom que cativou o amor, o apreço de todos os gaúchos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Kenny Braga. S. Exa. falará em nome do PDT.

 

O SR. KENNY BRAGA: Sr. Presidente, desta Casa, Ver. Brochado da Rocha, autor desta belíssima homenagem; meu querido amigo Plauto Cruz; Sra. Eva Cruz, esposa do homenageado; Juliana Cruz, filha do homenageado, Srs. Vereadores, gente boa da noite, que eu vislumbro aqui no Plenário, músicos, compositores desta Cidade, funcionários desta Casa.

Existem, no mundo das relações humanas, e na sucessão, interminável dos dias e das noites, coincidências indevassavelmente misteriosas e não menos agradáveis. E a elas certamente não se explicam, à luz dos pobres argumentos orais ou escritos que pudéssemos desenrolar ao longo de uma procura exaustiva para conhecer em profundidade todos os matizes e contornos da realidade. Para mim, esta Sessão Solene em que a cidade de Porto Alegre, por iniciativa do Ver. Brochado da Rocha, Presidente desta Casa, presta ao inexcedível e insuperável mestre da flauta, Plauto Cruz, está cheia de coincidências extraordinariamente agradáveis. Não pretendo discorrer sobre todas. Duas coincidências que vou citar bastam para reforçar cada vez mais a minha fé num desígnio superior, que foge ao entendimento dos engenheiros do real, tão despreocupados e insolentes diante das possibilidades ilimitadas de toda a criação inumerável, para usar uma expressão de um poema do Poeta Vinícius de Moraes. A primeira é de que o dia de hoje marca o início oficial da Primavera. E certamente existem poucas pessoas nesta Cidade que entendam e que expressem com tanta autenticidade o espírito da primavera do que o meu inestimável amigo Plauto Cruz. O Plauto Cruz realiza, através da sua arte, através da permanente troca de afeto e de gentilezas com a sua flauta enluarada, o mais autêntico espírito da primavera, que sempre será, em todos os quadrantes do mundo, a renovação das forças interiores e exteriores da vida, o revigoramento do amor e predisposição para a nostalgia, a preguiça e o encantamento, sem os quais os homens seriam abomináveis autômatos. E a segunda coincidência entre tantas, esta de ordem estritamente pessoal, é que os anjos da guarda que zelam pela cabeça do Plauto e pela minha cabeça, evitando a interferência dos maus fluidos e dos azares do ressentimento e do ódio, combinaram para que nos encontrássemos aqui, agora, nesta tarde, que há de ser um momento honroso para a vida cultural da cidade de Porto Alegre.

Jamais imaginei que tendo escrito a biografia de Plauto Cruz na condição de Jornalista, de homem cativado pela magia de sua flauta, viria a saudá-lo, nesta tribuna, como representante do povo de Porto Alegre. O entrevistador se transformou no orador. E o músico simples da noite porto-alegrense, o músico dotado das asas de sua sensibilidade e de sua imaginação, no homenageado que traz a esta Casa a reafirmação da humanidade sadia do seu instrumento, que, ao longo dos anos, vem depositando, nas almas sedentas de poesia e de confiança no amanhecer, a linguagem que os anjos utilizam nas tertúlias do céu.

A verdade, é que nada acontece gratuitamente. O Plauto está aqui, resgatado dos caminhos luminosos do sonho e da fantasia, porque ainda existe, ainda que em número reduzido, pessoas para as quais a vida dos artistas é um bem tão precioso que não se pode extraviá-lo, nem desperdiçá-lo, com a ferrugem do descaso e do esquecimento.

E para que se diga, nesta Sessão Solene, que há muito que se fazer em benefício de outros artistas como Plauto Cruz, muitas vezes judiados por limitações de ordem material, enquanto a sua alma vai espargindo, no canteiro fecundo das relações humanas, o capital insubstituível da sua poesia e da sua ternura. Plauto Cruz, graças a Deus, tem conseguido, em vida, o reconhecimento da sua maestria, a ponto de ser considerado, por todos os críticos bem informados, um dos três maiores flautistas do Brasil juntamente com Carlos Poiares e Altamiro Carrilho, mas chamo a atenção da Casa para o fato de Plauto Cruz não tem recebido a contrapartida justa do seu talento, em conseqüência de uma mentalidade gananciosa, burra e interesseira, que, no mais das vezes, embora existam exceções, somente vê no artista da noite um instrumento lógico e impessoal da obtenção de ganhos exagerados e fáceis. É necessário, é absolutamente necessário, que se desenvolva, no Brasil, uma mentalidade de valorização de todos os grandes artistas e não somente daqueles que se aproximam mais facilmente do mercado do disco e dos espaços furiosa e preconceituosamente seletivo da televisão. Porque se há alguma esperança de salvação para o Brasil, usando uma idéia antiga do poeta Manuel Bandeira, esta esperança repousa no trabalho dos seus poetas, dos seus músicos, dos seus compositores e também dos políticos que não se deixam afagar pelas benesses de um materialismo corrompido e corruptor, que tentam nos impingir como a única forma de vida possível entre os seres humanos.

Esta homenagem é um sinal eloqüente de que o coração da Câmara Municipal de Porto Alegre pulsa em sintonia com a alma do povo e da maneira como o povo realmente gosta; com talento e simplicidade. A simplicidade acolhedora da vida do Plauto que é, para todos nós, um remanso de amizade e de carinho, onde vamos passear e cantar juntos, de mãos dadas quem sabe, ouvindo as melodias da sua flauta, que são recados de Deus para que sejamos mais humanos e menos egoístas.

Muito obrigado Plauto Cruz, por tudo que vens fazendo por esta Cidade. Obrigado pela tua música, obrigado pelo teu imenso caráter. A cinza do esquecimento jamais pousará sobre os teus ombros. Haverá sempre, para renovar a tua memória, as histórias que um dia vais deixar e o testemunho das flores e dos passarinhos de Porto Alegre, que são irmãos da tua flauta e gostam tanto de conversar contigo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon pelo PMDB.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, prezado Plauto Cruz, ilustre homenageado; Sra. Eva Cruz, esposa do homenageado, Juliana Cruz, filha do homenageado, minhas Senhoras, meus Senhores, amigos do Plauto Cruz, ingrata tarefa de falar por último e de substituir, na Tribuna, o talento e a inteligência do Ver. Brochado da Rocha, que alia a isto uma profunda amizade e falou com o coração a respeito do homenageado; ingrata também a tarefa de substituir a Vereadora Bernadete Vidal, que mais do que todos nós admira a arte de Plauto Cruz, ela e os seus companheiros que materialmente menos que nós, mas que têm aquela sensibilidade aguçada para entender perfeitamente a música de Plauto Cruz. E, a toda a sensibilidade da Vereadora Bernadete Vidal, se alia a amizade que ela tem pelo homenageado. Ingrata tarefa a de substituir o poeta Kenny Braga, companheiro da noite, amigo de Plauto Cruz. Quem vai falar, infelizmente, não é um amigo de Plauto Cruz, é apenas um admirador que conhece a sua arte, esporadicamente de algumas sessões do “Choro é Livre” do Teatro São Pedro, desta Cidade. Ingrata a tarefa de vir aqui defender uma tese que poderá parecer, esdrúxula, mas peço que não abandonem o Plenário que a defenderei rapidamente. É a tese do defeito de programação. Era uma tese dividida em uma parte teórica e outra objetiva, mas o Ver. Kenny Braga, ao final de seu discurso, deixou a parte teórica com bastante mais consistência. O que eu entendo por defeito de programação? Sempre assisti ao Plauto Cruz tocando e esta teoria se criou ao vê-lo tocar, com o seu jeito de tocar, com o seu tipo físico, com a maneira e o sentimento que ele toca. Deus criou os pássaros e os ensinou a cantar para embevecer a toda a humanidade e certamente naquele dia em que Ele te criou. Aí entra a teoria do defeito de programação. Era o dia de criar os rouxinóis e, de repente, por um erro de programação, no dia dos rouxinóis, veio o Plauto. Homem que se integra tanto na sua flauta que é impossível dissociar Plauto de sua flauta. Até o nome, vejo agora, é parecido. Também Deus te ensinou esta arte. Tu nascestes flautista, aprendeste sozinho, nasceste com esta arte. Aos onze anos de idade ela aflorou. Esta é a teoria que defendo: era um dia de rouxinol e para nossa alegria e para a nossa felicidade tu vieste com a tua flauta e com o teu canto embelezar nossa vida.

A outra teoria que defendo, e esta mais objetiva, é que tiveste um segundo erro de programação, se o primeiro não foi, certamente o segundo foi. É que és o “Mago de Hammelin” com um erro de programação. Aquele mago que tocava flauta e que alguns dizem que arrastou ratos de uma Cidade e que outros dizem que arrastou as crianças de uma cidade. Tu com a tua flauta, arrastaste teus amigos. Por quê? Porque este é o segundo traço marcante que me dizem teus amigos da noite: que com essa tua flauta maravilhosa, com esse teu som, com tua figura tu, assoprando essa flauta maravilhosa, com esse teu som, com tua figura tu, assoprando essa flauta, arrastaste teus amigos atrás de ti. Existe centenas e centena de amigos que tu sabe que são teus amigos e aqueles outros, como eu, que não privo do teu círculo maior de amizade mas que sou teu amigo através do teu som. Aqueles milhares de pessoas que te ouviram e aqueles milhares de pessoas que te ouvem e que se integram na tua vida como teus amigos. Essa tua flauta, isso objetivamente, não é mais teoria, é uma flauta mágica, que é a flauta que faz amigos. E nós estamos aqui e é o coroamento da nossa vida, a nossa família, os nossos amigos. De modo que em nome da Bancada do PMD, em nome desta Cidade, eu te trago aqui o agradecimento pelo que tu nos deste com tua arte, pelos momentos de encantamento, pelos momentos de alegria, pelos momentos de comoção, de sensibilidade que esta tua flauta esparramou pela Cidade, por este Rio Grande, por este Brasil. Eu também, em nome desta população, eu te cumprimento pelo que tu és e pelo que tu fizeste como homem, através da tua flauta, esse bando, eu diria para usar uma palavra da noite, este bando de amigos que vem atrás de ti e que estão hoje aqui para bater palmas para ti. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa concede a palavra ao Sr. Secretário.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: A Mesa convida todos os senhores e senhoras e aos Vereadores para, de pé, assistirmos à entrega do título de cidadão emérito ao Sr. Plauto de Almeida Cruz que será feita pelo autor da proposição, Ver. Brochado da Rocha, Presidente desta Casa.

 

(O Ver. Brochado da Rocha faz a entrega do título.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de dar a palavra ao nosso homenageado, desejo registrar e passar às mão do mesmo telegrama enviado pelo Exmo. Sr. Governador do Estado que se congratula e cumprimenta o homenageado; do Exmo. Sr. Secretário da Indústria e Comércio do Rio Grande do Sul, Dr. Gilberto Mosmann; assim como do Diretor Superintendente da METROPLAN e Vereador desta Casa, André Forster.

Agora finalmente, temos a satisfação de passar a palavra ao homenageado, Plauto de Almeida Cruz.

 

O SR. PLAUTO DE ALMEIDA CRUZ: Eu agradeço, sensibilizado, a idéia do Dr. Brochado da Rocha, ao Ver. Kenny Braga, ao Ver. Paulo Sant’Ana, ao Ver. Flávio Coulon, que eu não conhecia e que falou antes, meu amigo também desde agora, Dorotéo Fagundes, Dr. Edson Alves, Euclides Fagundes e os outros amigos, músicos, o Marçal, o João Vicente, o Ver. Lúcio Quadros, que faz parte do Projeto Atelier Livre do Teatro São Pedro, todos os meus amigos que estão presentes aqui, não posso citar o nome de todos, os meus filhos, o Jorge Luiz, o Jairo Lúcio, a minha cunhada Maria, irmã da minha esposa Eva, a dona Julieta. Cheguei de São Jerônimo aos 19 anos, foi grande a minha acolhida por esta magnífica Cidade de Porto Alegre, meus amigos sempre me deram aquela atenção, sempre me aplaudiram, sempre me acolheram com o coração e eu sempre procurei retribuir com aquilo que podia fazer para mim é uma grande alegria dar, sempre, através da música, tudo de bom, muito amor, muita paz, muito carinho para vocês todos, do Rio Grande do Sul e de todo o Brasil - por que não? - o nosso país é tão grande e a gente vai-se espalhando por onde dá. Não sou muito de falar, estou emocionado, então, o meu muito obrigado, todas essas manifestações me sensibilizaram. Vou convidar, então, um colega meu para acompanhar-me, pois com música vou agradecer melhor. O Jessé Silva está presente para me acompanhar numa música que vou oferecer para vocês com todo o carinho. Que saia do fundo do peito e que eu possa dar o melhor a vocês. (Palmas.)

Uma coisa ainda quero dizer: a homenagem quando é feita em vida, é mais gostosa. Muito obrigado, Dr. Brochado da Rocha, obrigado Kenny Braga, obrigado Valdir Justo que também está ali, ganhei dele um presentão, uma bota e uma bombacha maravilhosa, do Dorotéo também, e como sou gaúcho vou usar. É tão bacana isso aí. Obrigado também à Vereadora Bernadete Vidal. (Palmas.)

 

(O Sr. Plauto Cruz faz a apresentação da música “Fascinação”.) (Palmas.)

 

O SR. PLAUTO DE ALMEIDA CRUZ: Jessé, vamos apresentar mais um número. Você é um grande acompanhante, um dos meus amigos mais antigos.

De Pixinguinha e João de Barro, “Carinhoso”. Eu gravei, com Jessé, junto com o Regional, o mesmo Regional do Projeto. Contrabaixista, dois violões, ficou bem gravado. “O Choro é Livre”. O disco vendeu bem em todo o Brasil. Eu gravei deles, mas um deles, para minha satisfação, vendeu bem, da Gravadora ISAEC.

 

(Sr. Plauto Cruz faz a apresentação da música “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, acompanhado de Jessé, ao violão.) (Palmas.)

 

O SR. PLAUTO DE ALMEIDA CRUZ: Muito obrigado. Tem mais um elemento, aqui, que é um valor do Rio Grande do Sul e porque não do Brasil, o meu querido amigo, o meu chefe de trabalho, porque é onde eu trabalho, no Vinha D’alho, que é o proprietário Doroteo Fagundes e, se o Doroteo quiser dar uma chegadinha aqui e fazer uma musiquinha com a gente.

 

O SR. DOROTEO FAGUNDES: o Plauto é um cidadão que, inclusive no aniversário dele, tocou parabéns para ele lá no Vinha D’alho. Ele não consegue se livrar da sua flauta. Eu gostaria de cantar para o Plauto, mas ele me fez um pedido para  acompanhá-lo. Então, vamos realizar o desejo do Maestro. É uma música lá dos Andes, lá da Cordilheira, boliviana, que se chama “El Condor Pasa”.

 

(O Sr. Plauto Cruz e o Sr. Doroteo Fagundes executam a música e concluem a sua apresentação.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h42min.)

 

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